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quinta-feira, 23 de junho de 2011

O ATENDIMENTO PEDAGÓGICO NO AMBIENTE HOSPITALAR E SUA IMPORTÂNCIA

Ser internado em um hospital é uma situação de extrema vulnerabilidade, pois este ambiente causa, em muitas pessoas, medo, confusão, tensão, ansiedade, além de desconforto emocional. O enfermo hospitalizado, em especial a criança ou o adolescente, se vê privado de sua saúde e liberdade, gerando nele uma sensação de desconforto pelo ambiente hospitalar: frio e estranho.
O atendimento pedagógico no hospital possibilita ao aluno-paciente recuperar-se de maneira mais rápida e menos dolorosa. A classe hospitalar também faz com que não perca os principais conteúdos da grade curricular da escola que frequenta, uma vez que o trabalho realizado nesta modalidade de atendimento pedagógico estabelece o elo entre escola e aluno hospitalizado, permitindo, desta forma, que ele retorne ao convívio escolar sem prejuízo pelo afastamento temporário a que está sendo submetido.
Existem dois tipos essenciais de atendimento oferecido pelo pedagogo dentro dos hospitais. O primeiro refere-se àquelas crianças e adolescentes que ficam no hospital por um curto período de tempo, podendo ser horas ou alguns dias; neste caso, o trabalho é voltado a atividades lúdicas, leiruras de histórias e sessões de vídeos. O segundo preocupa-se com o acompanhamento escolar do aluno-paciente nos casos de crianças e adolescentes que, por motivo de saúde, precisam permanecer internados no hospital por um período maior de tempo. Mesmo nessa situação, o trabalho com o desenvolvimento do currículo não abandona as atividades lúdicas.
O atendimento pedagógico em hospital tem como objetivo favorecer a continuidade do ensino escolar, operando com conteúdos programáticos de acordo com o currículo escolar e adequados a cada faiza etária, permitindo aos alunos sanarem suas dificuldades de aprendizagem e/ou aquisição de novos conhecimentos, além de organizar intervenções educacionais não propriamente relacionadas à experiência escolar que, entretanto, atendam às necessidades e aos interesses individuais ou coletivos dos alunos-pacientes.
O atendimento escolar no hospital independe do período de internaçãp, da patologia e da classe social a que o aluno-paciente pertence. Ao entrar no hospital, a criança ou adolescente deve receber cuidado especial, uma vez que este atendimento deve ser entendido não como um trabalho solidário mas, sim, como um direito garantido.
Para Fonseca, se a criança se vê ou se sente obrigada pelo problema de saúde a um afastamento, mesmo que temporário, de sua escola, tal fato pode levá-la não apenas a perder o ano, mas pode tanto desmotivá-la a continuar os estudos quanto considerar-se incapaz de aprender porque está doente.
É possível perceber que não é apenas o local onde a criança está que faz com ela brinque ou estude, mas as intervenções corretas e adequadas à necessidade da mesma.
Pode-se verificar que, apesar de seus problemas de saúde, o aluno-paciente possui interesses, desejos e necessidades como qualquer criança saudável, mesmo que naquele momento específico esteja fisicamente debilitado.
O papel do educador no ambiente hospitalar é muito importante, pois auxilia a criança e o adolescente no seu retorno à escola, não permitindo que haja defasagem quanto ao conteúdo necessário a ser aprendido durante o afastamento, além de ser um fator motivador para que este educando recupere sua saúde.
Segundo Fonseca, a função do professor de classe hospitalar não é apenas a de manter as crianças ocupadas. As crianças estão crescendo e se desenvolvendo, estejam ou não no hospital. O professor está lá para estimulá-las através do uso de seu conhecimento das necessidades curriculares de cada aluno.
O pedagogo deve estar atendo às diversas necessidades das crianças e adolescentes internados, não apenas se preocupando com a aprendizagem dos conteúdos escolares, mas também buscando suprir outras carências momentâneas.
Para atender os alunos-pacientes, é necessário mais do que apenas um bom planejamentopedagógico. É preciso que o educador tenha também conhecimentos referentes à rotina hospitalar, aos medicamentos e às necessidades específicas de cada um de seus educandos.
Como a mudança dos alunos ocorre com muita frequencia, o professor precisa buscar constantemente novas informações para melhorar suas aulas. A metodologia de ensino utilizada deve ser desenvolvida junto às crianças ou aos adolescentes, asseguranto, desta forma a promoção de um atendimento significativo, no sentido de adequar o currículo aos interesses do aluno. Isto lhes garante, assim, o direito á educação e à cidadania.
Outra preocupação importante ao pensar em planejamento é a relação entre docentes e familiares, uma vez que a família possui um conhecimento mais aprofundado quando ao discente, sendo as informações que possam ser repassadas fundamentar para o apoio, a cooperação, o equilíbrio e a segurança dos alunos-pacientes.
É importante que, na elaboração do planejamento, o professor se preocupe com a coerência e o significado das atividades aplicadas, a fim de que estas abordem as peculiaridades provenientes deste público especial.
O planejamento das tarefas a serem realizadas como os alunos-pacientes deve atender às necessidades destes e, para que isso aconteça, é preciso saber para quem se vai planejar. Portanto, é fundamental que o professor conheça o educando, além de suas dificuldades, aspirações e frustrações. Por meio de sondagem, o docente obtém dados importantes, que o auxiliarão na elaboração de um planejamento de acordo com a realidade, a necessidade e o interesse do seu grupo.
Outro fator indispensável ao professor é que, ao planejar, seja bastante flexível, tendo em vista que o grupo encontra-se em constante modificação, tanto em relação ao número de crianças e adolescentes internados, quanto à diversidade de conhecimentos e estágios de aprendizagem dos mesmos, tendo em vista que esta modalidade de atendimento pedagógico é constituída por estudantes com conhecimentos e experiências bastante heterogêneas, necessitando uma investigação específica para cada caso.
A proposta pedagógica deve estar coerente com a realidade dos educandos. Alunos hospitalizados não podem ser considerados ou vistos como incapazes, pois, dentro de suas limitações e de seu quadro clínico, podem ser totalmente capazes de se desenvolver e aprender.
O brincar neste tipo de atendimento não deve ser colocado para preencher o tempo ocioso. É preciso que tenha sentido e que sejam trabalhadas atividades significativas, com objetivos específicos para atender à necessidade de cada faixa etária destes alunos.
Lindquist, citado em Friedmann, diz que a brincadeira da criança no hospital deve estimilá-la para desenvolver-lhe a saúde e a sensação de segurança.
A administração do tempo é outra questão importante e complexa, sendo necessário que o educador busque conhecer a realidade do hospital quanto à realização de exames e o horário dos medicamentos em relação aos alunos-pacientes. Em alguns casos, o melhor período para ministrar as aulas é pela manhã, em outros, na parte da tarde; portanto, é fundamental que o professor esteja atento a tais questões.
No caso de hospitais que não possuem espaço físico destinado especificamente à classe hospitalar, os professores realizam o atendimento no leito do aluno-paciente, porém a falta de local dificulta o desdobramento de diferentes atividades pedagógicas educacionais.
É essencial que os materiais atendam às diferentes idades e interesses doa alunos-pacientes, além de ser disponibilizado um local para atividades de relaxamento, contendo televisores, vídeos diversos, músicas, revistas em quadrinhos, livros, entre outros, visando ao atendimento tanto deste público hospitalizado quanto de seu acompanhante.
As atividades são readaptadas de acordo com a circunstância e a necessidade enfrentada pelas crianças hospitalizadas. Logo, a atuação e a intervenção do professor, no atendimento pedagógico hospitalar, requer compreensão da realidade de cada aluno, não existindo, portanto, um planejamento perfeito, uma cartilha de respostas, ou mesmo um modelo a ser seguido, mas, sim, um grande desafio a ser encarado.
Por uma questão metodológica, as atividades realizadas no dia devem ter início, meio e fim, uma vez que o grupo de hoje pode não ser necessariamente o mesmo de amanhã. Com isso, as crianças recém-chegadas não se sentem perdidas nas atividades, ficando mais à vontade para participar com os outros alunos.
Sendo assim, é aconselhável ralizar um desfecho para a atividade de cada dia, possibilitando, ao final das aulas, um debate/avaliação, buscando, assim realizar alterações pertinentes ao planejamento junto às crianças, bem como a divulgação dos trabalhos produzidos.
É fundamental que o pedagogo que atua no ambiente hospitalar preste muita atenção ao prontuário médico para saber o que a criança pode ou não fazer, se a ela é permitido, por exemplo, participar de atividades que utilizem o corpo, como a dança das cadeiras, pintura a dedo, ou mesmo atividades de relaxamento. Existem casos de pacientes que não podem ter contato com determinados componentes químicos, tais como, a tinta (guache, etc.), devido a uma medicação específica que por ventura estejam tomando, ou em virtude de alguma alergia. Outro fator de extrema importância é o trabalho em conjunto entre professores, médico e enfermeiras, isso porque, através desta união de profissionais, todos terão melhores condições de atender os alunos-pacientes, como por exemplo, não colocar uma agulha na veia da mão dominante que a criança utiliza para participar das atividades pedagógicas, entre outras situações.
É preciso estar atento à disposição física/saúde do aluno-paciente no dia da aula para realizar suas atividades; muitas vezes, as ações planejadas fiam difíceis de serem realizadas porque seu quadro clínico é bastante vulnerável. Esse cuidado é necessário, pois tarefas muito longas podem ser cansativas para a criança ou o adolescente debilitado por problemas de saúde.
Se não podemos reunir todos os alunos-pacientes para realizar uma determinada atividade coletiva, é melhor não desenvolvê-la do que excluir um educando deste processo, cabendo ao educador, neste caso, preparar tarefas que possam ser ministradas individualmente.
CONCLUSÃO.
É preciso considerar que aprendemos em diversos momentos de nossas vidas, sejam eles de curto, médio ou longo prazo. Isso não é diferente no ambiente hospitalar, sendo valioso o atendimento pedagógico-educacional a todas as crianças e adolescentes que, por motivos de saúde, não possam manter o convívio com amigos, familiares e colefas de escola, deixandos de lado quando de sua internação.
Em outras palavras, a criança doente não tem direito apenas à saúde, mas também à educação, pois os seus interesses e necessidades, sejam eles intelectuais, sociais ou relacionai, não mudaram apenas por estarem hospitalizados.
Ela contunia tendo direito à educação, e o acesso às oportunidades educacionais deve ser garantido pelos sistemas de ensino, embora não haja ainda uma disciplinação quanto à obrigatoriedade e ao funcionamento de classes hospitalares.
O fundamental é que, no caso dessas classes, quando existirem, seja estabelecido um vínculo entre elas e alguma escola, de sorte que seja possível:
a)O pedagogo hospitalar programar os estudos a serem realizados em função do curículo da classe que o aluno-paciente deveria estar frequentando;
b)A escola a que se vinvula a classe proceder ao acompanhamento das atividades desenvolvidas, visando à reintegração do aluno, no tempo oportuno, ao ensino regular.
É fundamental, também, fazer com que o ambiente hospitalar não seja visto como um lugar de dor, sofrimento, mas, sim, de vida e de vitória.
REFERÊNCIAS.
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- CECCIM, R. Classe Hospitalar: uma Vivência através do Lúdico. Pátio Revista Pedagógica, ano 3, n. 10. 1999.
- CONSELHO Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Resolução 41/95). Os Direitos da Criança e do Adolescente Hospitalizando. Fonte: http://www.bioetica.ufrgs.br/conanda.htam - visitado em 12/03/2005.
- FRIEDMANN, Adriana et al. O Direito de Brincar: a brinquedoteca. São Paulo: Edições Sociais: Abrinq, 1998.
- FONSECA, Eneida S. da. Atendimento Escolar no ambiente Hospitalar. São Paulo: Memnon, 2003.
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- ORTIZ, Leodi Conceição M.: FREITAS, Sorais N. Classe Hospitalar: Caminhos Pedagógicos entre Saúde e Educação. Santa Maria: Editora UFSM, 2005.
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- VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. São Paulo, Martins Fontes, 2003.

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